Road Trip verão 2020 – dia 14

Vila Nova Santo André – Ericeira

A nossa pernoita foi em Vila Nova de Santo André, numa área que uma cadeia de supermercados acabada em “marché” disponibiliza aos autocaravanistas. O espaço, junto de uma bomba de gasolina e nas imediações do dito supermercado, não é dos mais encantadores, mas serve perfeitamente para uma noite e para os objetivos que tínhamos para o dia seguinte. Serviço de despejo de águas sujas, abastecimento de água limpa, tudo ok! Limpeza do espaço… pouca, provavelmente resultado do pouco brio de alguns autocaravanistas, coisa que por aqui e noutros sítios tivemos o desprazer de presenciar. O bom de acordar ao lado de um supermercado é que temos possibilidade de ir comprar pão fresco logo pela manhã!

Saindo deste local, fomos aproveitar para conhecer a praia junto à lagoa de Santo André, onde nunca tínhamos estado antes. Não foi, na nossa opinião, nada de muito surpreendente. É certo que não nos alongámos muito na visita: demos apenas um pequeno passeio junto da parte da lagoa e aproveitamos para dar um mergulho no mar.

Seguimos rumo a outras paragens. Fomos para a zona costeira do parque-natural de Sintra-Cascais. A nossa primeira paragem por estas bandas foi em Azenhas do Mar. Depois de algumas voltinhas para tentar encontrar um espaço onde estacionar a bicha, fomos apreciar a vista panorâmica que é a mais instagramável de todas: a vista sobre a
vila de Azenhas do mar e a sua piscina de água salgada.

Continuamos depois a nossa viagem rumo ao norte, parando na praia de Magoito onde por ali ficamos a fazer um pouco de praia. Esta, com alguma rocha a mistura, faz-nos um pouco lembrar algumas que tanto apreciamos mais a sul…

Voltando outra vez à estrada, fomos em direção à Ericeira, onde decidimos fazer a última pernoita desta road trip. Esta foi numa nova área de serviço para autocaravanas, no parque intermodal da Ericeira. Depois de jantar, decidimos ir à procura de gelados artesanais, como que em jeito de desforra de último dia de férias… Descemos então em direção à zona piscatória da Ericeira, a parte mais turística e percorremos as ruas (cheias de gente destemida e sem máscara) onde por fim, encontramos a dita gelataria.

E assim termina o nosso périplo, feito com muito improviso fruto da situação pandémica em que nos encontrávamos. Uma experiência diferente da que estávamos acostumados, que serviu para conhecer novos locais bem como reviver outros que nos tinham deixado saudades. Não é de todo comparável a roadtrip que tínhamos agendada para o verão de 2020 por terras canadenses, mas não deixa de ter sido mais uma aventura com os 4 e quanto a isso, não há destino capaz de bater este todo…

Road Trip verão 2020 – dia 13

Aljezur – Vila Nova de Santo André

Fruto do desapego a qualquer itinerário com um planeamento mais rígido, esta minivolta a Portugal acabou por ser algo errática se olharmos para o mapa e dias passados em alguns pontos. Das poucas coisas que tinhamos fechado e que não queríamos abdicar é que o regresso nunca seria feito por etapas superiores a 250kms pelo que era tempo de soltarmos as amarras e rumarmos a norte (cuarago!).

Pequeno almoço e último banho de nevoeiro tomados, saímos do parque de campismo e resolvemos fazer uma última paragem por terras mouriscas e passar um par de horas numa praia da nossa coleção, Vale dos Homens, onde continua a ser possível encontrar sossego e até algum isolamento, numa praia que apesar do seu perfil acidentado, consegue oferecer um amplo areal.

Depois do almoço, tempo para uma última paragem em Rogil para comprar uns quantos pães característicos da localidade e seguir caminho. Existiam 2 pontos que queríamos visitar há muito e aproveitamos o facto de o regresso ser em modo tartaruga, sendo o primeiro a praia do Brejão. Bem, na realidade e apesar deste ser de facto o nome da praia ou pelo menos era, a verdade é que hoje, se a quisermos encontrar, será mais fácil pesquisar por praia da Amália, pois este era um dos retiros prediletos da famosa fadista.

No caminho e à medida que nos íamos aproximando, aumentava a densidade das estufas, estando o próprio acesso à praia rodeado pelas mesmas. Não querendo pôr em causa a importância desta indústria até porque será com certeza muito importante para a região, mas a presença das mesmas, com tanto plástico à mistura, acaba por retirar alguma mística que esperávamos encontrar no local. Estacionada a Bicha, o acesso à praia faz-se por um trilho que se desenvolve numa corga/pequeno vale, onde a vegetação acabou por criar alguns túneis, até chegarmos ao alto da falésia, de onde é possível avistar toda a praia.

A praia em si é muito gira, mas dada a afluência, de secreta já nada tem. O que vale é que havia espaço para todos. Foi possível desfrutar da mesma até porque esta apresenta muitas características que tanto apreciamos numa praia: beleza, arribas, rochas que criam barreiras de proteção para os banhos, piscinas e habitat de muitas espécies que tanto gostamos de observar nas marés baixas. Mas esta ofereceu-nos um bónus: não é que o Mitch Buchannon resolveu aparecer! Ainda diziam que a praia não era vigiada..

Foi possível também avistar um peixe de água doce a nadar numa espécie de baía/piscina natural.

Em relação aos Melgas, se calhar o Turista não ponderou muito bem quando os batizou, às vezes (muitas) estes mais parecem uns patinhos de água..

E não havendo mais nada destinado até ao local da pernoita, fomos por ali ficando até ao entardecer..

Road Trip verão 2020 – dia 12

Ainda por terras de Aljezur…

Ora se ontem, que esteve praticamente todo o dia nublado, resolvemos ficar numa só praia o dia todo, hoje, que está aquele sol que até faz estalar as ervas nos campos, vamos obviamente pegar nas bicicletas e limitar-nos a… fazer um périplo por diversas praias da região! 😬

A primeira etapa foi entre o Parque de Campismo e a praia de Monte Clérigo (9,8km). Percurso interessante, numa primeira parte em terra batida, tendo a municipal 1003-1 dado seguimento. Até a referida estrada, pudemos ir contemplando a vista para o vale da Ribeira de Aljezur. Assim que avistámos a praia de Monte Clérigo, parámos para as fotos da praxe e descemos até à praia onde aproveitamos para refrescar os engenhos de locomoção (aka nós) no mar…

Já fresquinhos que nem umas alfaces, marcamos mesa no restaurante “O Sargo”, que a Viajante e o Turista já conheciam e quiseram repetir a experiência e, por volta das 12h, já estávamos sentados para fazer o nosso pedido. Comida interessante, único senão foi esta ter sido considerada pouca para alguns do grupo… não querendo avançar com nomes, nomeadamente do Melga Júnior que, com fome, é capaz de, perdoai-nos a expressão, “comer um boi”!

Almoçados, hora de nos pormos a caminho. E que caminho… É incrível como por vezes acreditamos conhecer uma região e mesmo assim, esta acaba por conseguir surpreender-nos com pequenos tesouros escondidos. A verdade é que a zona entre Monte Clérigo e Arrifana sempre foi lugar por onde não nos aventuramos muito, talvez por estarmos presos ao comodismo do carro. Percorremos o caminho de terra batida entre Monte Clérigo em direção às praias da Coelha e Fateixa, até o caminho terminar (3,4km). Havia então um acesso que dava para a Praia da Coelha, que apresenta algum grau de dificuldade para quem vai simplesmente carregado com a sua própria toalha, pelo que estando nós com bicicletas resolvemos pegar nelas e… descer… (crazy elephants!)

Depois de requisitados uns quantos estudos sobre a melhor forma de proceder à descida, foi dada a instrução para avançarmos. À medida que íamos descendo, crescia a preocupação, ao verificarmos o ar de espanto dos que por nós passavam, levando-nos a questionar se não haveria algum problema mais à frente ou até na praia… Depois de alguma ginástica e passar de bicicletas de mão em mão, lá chegamos ao areal. Tudo normal, o que nos levou a concluir que as pessoas pelas quais passamos deviam ser só estranhas… 😅

Para aliviar o stress, encostámos as bicicletas a uns pedregulhos e fomos fazer o reconhecimento da praia, ora indo a banhos, ora apreciando o trabalho da Mãe Natureza.

O Turista, sempre alerta e com o seu faro apuradíssimo no que toca ao planeamento de trajetos, depois de molhar a ponta do dedo mindinho e verificar se o vento soprava de feição, teceu a teoria que, lá no fundo do areal, haveria outro acesso para subir e estaríamos assim já não muito longe da praia da Arrifana. Confiantes, ali fomos em cima das bicicletas junto ao mar (mais um check na nossa lista de coisas a fazer pelos menos uma vez na vida) e andamos, andamos, andamos…

E à medida que íamos andando, o semblante do Turista ía, curiosamente, ficando menos confiante…  Resultado: Não havia acesso nenhum! Apenas umas paredes de pedra intransponíveis, pelo que acabamos por regressar pelo mesmo caminho. Arrependidos por termos seguido o “teorias” do grupo? Nah, pelo contrário, esta é daquelas experiências que nos vêm logo a memória quando recordamos determinados contextos. Neste caso, sempre que pensamos nesta roadtrip ou em paz ou serenidade, vem-nos logo a memória aqueles minutos a andar de bicicleta em cima de areia molhada em praias quase desertas…

De volta à estrada, agora em direção à praia da Arrifana (10,8km), seguimos já um pouco cansados e esfomeados… A praia estava com bastante afluência, mas conseguimos um spot para estendermos as toalhas e lá fomos a banhos. Estranhamente, o nosso patinho de água (Melga Sénior) quis ficar na toalha porque se sentia esgotada! Tenrinha… Mas nada que uma mega tosta mista com pão alentejano não fosse capaz de resolver! Arrifana é um poço cheio de recordações. Foi a primeira praia da Melga Sénior, foi aqui a única tentativa, até hoje, do Turista em fazer surf (diz que teve pouco sucesso pois o mar estava flat e que o fato era uns números abaixo do dele – #dieta? – prendendo-lhe os movimentos… Foi aqui que também apanhamos das maiores ondas onde, apesar destas terem já com alguns metros de altura, ainda era possível mergulhar com um sentimento de segurança, tal não era a forma ordenada em como estas vinham, algo que caracteriza normalmente o mar desta baía.

Já com o Sol no horizonte, hora de regressar ao ponto de partida. Como ficamos até a última na praia e para não ficarmos sem luz natural, optamos pela estrada nacional até Aljezur e dali até ao parque de campismo (13,4km). Esta última parte já foi feita um pouco a custo, porque andar em estradas que não têm berma para a circulação (e com pesados a passarem a velocidades aparentemente excessivas), é um fator de stress para a Viajante, que prefere estradas de pó a asfalto. Algo que o munícipe de Aljezur deveria talvez rever, até para reforçar a aposta num turismo que se adeque a zona protegida na qual se insere.

Road trip verão 2020 – dia 11

Aljezur

Dia de ficar… Os dias anteriores foram de movimento constante. A Bicha, coitada, também precisava de repousar. E nós também…

Há muitos anos que não nos deslocávamos os quatro para o concelho de Aljezur. E desta vez, tínhamos uma vantagem sobre outras estadias: as bicicletas. Andar de carro é sinónimo de chegar mais rápido, mas priva-nos de muitas sensações… Dos aromas, do ar fresco a bater na cara, dos sons diversos da natureza. A partir do Parque de Campismo do Serrão, existem diversos caminhos de terra batida que nos levam a diversas paragens balneares. Hoje decidimos ir de bicicleta até à praia da Carreagem.

Ainda somos do tempo em que o acesso desta tão formosa praia era feito por um carreiro mal-amanhado e íngreme. Coisa para fazer desistir os mais comodistas… Hoje em dia, não é preciso desistir! Foi construído um passadiço de, como diria o Turista, cenas, que permite descer até à praia sem sobressaltos. Mas cuidado, o passadiço estava a precisar de manutenção! Aqui e acolá, existia uma falha ou outra, faltando tábuas em degraus… o que levou a que o sr. Turista, que estava em modo fotógrafo, com um olho sempre encostado ao visor, tivesse feito um ferimento nada simpático numa das suas canelas, de cima a abaixo… Depois de uns valentes minutos a praguejar e dos litros (diz ele) de sangue que jorraram mar dentro, o Turista lá se recompôs e voltou ao modo anterior, quase que a desafiar novamente a sua sorte…

As imagens falam por si. Não vale a pena descrever muito, porque este é um local em que se podem passar horas infinitas só a saborear… E a fazer “piscinas”, procurar estrelas do mar, brincar parvamente, como no tempo dos “mai’novos”. E neste dia, foi “só” o que fizemos!

E com o passar do dia, o sol foi espreitando, espreitando, espreitando até que…

Road trip verão 2020 – Dia 10

Minas de São Domingos – Aljezur

Hoje foi dia de percorrer Portugal de Lés-a-Lés, neste caso da fronteira este até ao oceano, no extremo oeste, de uma forma que provavelmente não o voltaremos a fazer, por estradas no limiar da fronteira do Alentejo com o Algarve. Este dia valeu sobretudo pela estrada, pelos cenários. Mesmo a Bicha gostou da estirada, apesar desta ser de serra. Uma mistura de serra e Alentejo, bom para quem queira desenjoar um pouco das planícies (não era o nosso caso).

Para além da estrada e paisagens, o percurso brindou-nos com 3 pontos de interesse: A arqueologia de Mértola (ahh, como o Turista foi.. bom, adiante..)

, a simplicidade de Almodôvar e a tristeza de ver que Monchique continua com o mesmo potencial de há uma década, continuando Foía e as Caldas os principais pontos de interesse, vetando o convento de Nossa Senhora do Desterro ao abandono.. A culpa é infelizmente imagem do que somos, o convento foi vendido após a extinção das ordens religiosas em Portugal, mas ao invés do que deveria ter sido feito, este edifício, que já na altura não estaria nas melhores condições, foi vendido em parcelas. Apesar dos esforços da autarquia em adquirir a sua totalidade, a verdade é que este ainda não é sua posse na totalidade, dificultando a sua recuperação.

Acabamos por nos focar no nosso destino, a malta queria praia! E praia tiveram, num que foi durante muitos anos o nosso destino de eleição, Aljezur. Acabamos por parquear a Bicha no parque do Serrão. Peca pela vegetação, tudo eucalipto, mas tem boas infraestruturas e é um bom ponto de partida para algumas praias do nosso top: Carreagem e Vale dos Homens, acrescendo Amoreira, que tem a singularidade de ter a desaguar a ribeira de Aljezur, um pouco à semelhança do que acontece noutra um pouco a norte, a praia de Odeceixe. Instalados, tempo de tirar os meios de locomoção de 2 rodas e de nos fazermos aos caminhos de terra, em direção a Amoreira. Esta é caracterizado por um areal considerável, se compararmos com a generalidade das praias da zona e como bons Tugas que somos, fomos logo:

– opção a) estender a toalha na planície de areia, no meio da confusão

– opção b) caminhar para o extremo norte da praia, cheio de formações rochosas e parcos locais para estender a toalha

Pois bem, apesar de termos estado diversas vezes na região, Amoreira acabou por ser sempre uma espécie de patinho feio das nossas escolhas pelo que foi com surpresa, em plena maré baixa, que descobrimos um spot que tem um misto de Carreagem e Vale dos Homens pelo que a nossa escolha acabou por reverter na opção b, obviamente. E lá terminamos o nosso dia a explorar criaturas e formações no meio das rochas..

.. não sem antes fazermos novas amizades com os suspeitos do costume ..

Road trip verão 2020 – Dia 9

Aldeia da Luz – Minas de São Domingos

Se há coisa que apreciamos do Alentejo é o pão! Já é praxe levarmos uns quantos para casa sempre que passamos pela região. Se a isto aliarmos aquele calor tão bom que sentimos logo pela manhã com o raiar do sol, estavam reunidas as condições para que o Turista fosse o primeiro a levantar-se e a sair da Bicha, em busca de uns belos pães alentejanos, aproveitando para deambular um pouco ao acaso pelas ruas da povoação. Nunca tínhamos estado nesta tão afamada aldeia. Tudo muito ordenado, a generalidade das construções respeitam o que é típico nesta região, sem grandes movimentações. Encontrada a padaria e feitas umas quantas aquisições, ainda teve a oportunidade de ir até a igreja de Senhora da Luz, reconstrução à imagem da original, onde encontrámos nas proximidades o museu da aldeia “antiga”, bem como o cemitério trasladado. Foi ainda possível avistar uns passadiços e a uma espécie de marina, que acabamos por visitar depois do pequeno almoço.

O percurso em si é relativamente curto, talvez dê 1km ida e volta, mas acabou por ter vários motivos de interesse que nos fizeram prolongar o passeio por mais tempo do que o normal para esta distância.

Tivemos a sorte de o percorrer sozinhos, cada um um pouco na sua, ora a olhar para as vacas, ora para os “fura olhos” (libélulas), ora para a paisagem onde avistávamos um casamento quase perfeito entre o Alentejo e o resultado da intervenção do homem, o espelho de água do Alqueva.

Seguindo viagem a sul, acabamos por delinear duas paragens antes do destino final, uma praia fluvial onde queríamos dar uns mergulhos com o calor ainda a apertar. Primeira paragem, Moura. Pequena cidade com uma malha urbana algo cerrada junto do seu núcleo, constituído por um castelo e convento em ruínas. Passeio agradável, algumas ruas singulares, muitas a fazerem pose para a foto e o conjunto museológico/castelo/convento, tudo muito arranjado, que só peca pelo convento não ter sido ainda alvo de intervenção com vista ao seu restauro.

Próximo destino, Serpa. A ligação do nosso Turista com esta localidade é já antiga. Foi ponto de passagem por 2 ocasiões deste até terras de Tavira, com pernoita em casa de colega de curso, este ainda era estudante. Como diria uma certa figura pública, fui muito feliz em Serpa.. 😎 Outros tempos, outras prioridades, de tal forma que ele até acabou por lá passar por 2 vezes e nem se lembra da cidade ter castelo ou muralhas.. Entretanto já enquanto casal, tivemos a oportunidade de visitar o núcleo urbano tendo batido com o nariz no portão de acesso ao castelo, que nos deixou com sede de voltar dada a singularidade do acesso ao monumento.

Um reflexo do tempo e ironia do destino, agora é a mai’ velha que tem uma amizade por terras serpenses, com a qual nos encontramos e nos brindou com uma visita guiada pela cidade. Tudo corria 5 estrelas, íamos deambulando pelas ruelas, tirando fotos e trocando impressões aqui e ali, aproximando-nos a passos largos do ponto alto desta paragem, quando viramos finalmente para o acesso e.. Bom, ainda não foi desta, uns tenrinhos esqueceram-se que era segunda-feira e o que acontece na maior parte dos monumentos nacionais às segundas? Estão fechados… Bom, chatice, lá teremos de voltar outra vez para tentar a sorte e levarmos mais uns queijinhos para casa..

Depois de agradecermos a hospitalidade, retomamos a estrada rumo à Mina de São Domingos, onde iriamos pernoitar. Pequena localidade que se desenvolveu em torno das minas ainda em tempos pré-romanos, até sensivelmente meados do século passado e que hoje acaba por viver de algum turismo, com potencial para muito mais. Um dos atrativos da localidade é a praia fluvial da Tapada Grande e era a grande motivação para tentarmos chegar não muito tarde ao local, de forma a aproveitarmos mais uma praia fluvial galardoada com bandeira azul. Gostamos, local agradável, boas infraestruturas e água razoável (tendo em conta altura do ano e quantidade de pessoas na água..).

Uma vez saciados na arte do chapinhar, tempo de calçar as sapatilhas e darmos um salto até ao complexo mineiro de São Domingos. Existem algumas placas no local mas com potencial para muito mais. Com mais algum tempo teríamos feito o antigo percurso férreo até ao Pomarão, de bicicleta, mas sendo ainda 20 km’s lineares (logo 40km’s no total), é algo para ser feito com alguma folga (para esta distância reservamos tipicamente pelo menos 3 horas). As minas em si prolongam-se por km’s, pois encontramos unidades espalhadas ao longo da linha, bem como zonas desprovidas de qualquer vida, cenários quase marcianos..

Há um misto de sensações ao visitá-las, à curiosidade em perceber como era feita a exploração e ver o que ainda existe edificado, acabamos por também ter uma amostra das consequências dos nossos atos, com impacto profundo em áreas de grandes proporções, onde nada cresce ou crateras onde se formam lagos cujas águas são ácidas. O pior é que o homem teima em não aprender.. Ainda há pouco tempo vimos um documentário na rtp3 que aconselhamos verem vivamente por abordar o outro lado das energias verdes (https://www.rtp.pt/play/p7804/e544035/o-lado-negro-das-energias-verdes). Todo o documentário nos dá uma outra visão, o reverso da medalha do que nos andam a vender como sendo verde, sendo os minutos 19-20 indiscritíveis.. Estaremos tão só a deslocalizar focos de poluição?

Viajar é isto, se é verdade que nos faz muitas vezes sonhar, é também verdade que servem para vermos coisas fora da caixa, que nos fazem pensar, crescer e até repensar as nossas prioridades..

Road trip verão 2020 – Dia 8

Monsaraz – Aldeia da Luz

Ó Monsaraz, ó Monsaraz, Mourão à vista! Se o parque reservado para autocaravanas de Monsaraz é esquivo nas infraestruturas, basicamente só temos o sítio para estacionar (isto se não chegarmos muito tarde..), não deixa de ser um sítio a repetir numa próxima passagem por estas bandas. Aquela vista sobre a albufeira do Alqueva não tem igual.

Pequeno almoço tomado, hora de fazermos um pequeno roteiro pelas praias fluviais (oficiais..) do Alqueva: Monsaraz-Amieira-Mourão. Começamos o nosso périplo pela praia fluvial de Monsaraz. Para nós a melhor tanto a nível de água, areia e infraestruturas, e a que, estranhamente, acabamos por estar menos tempo. Fomos na hora em que o calor já apertava e estávamos já muito preocupados com o almoço (depois bem podemos queixar-nos do pneuzinho..).

Este acabou por ser na terra, quiçá capital, dos oleiros, São Pedro do Corval, onde almoçamos no restaurante ‘A Tarefa’. Como não foram capazes de cobrir o nosso cachet, só podemos dizer que tem uma boa relação qualidade/preço 😂

Já almoçados, tempo de picar o ponto e irmos à procura do íman para o .. hum.. ainda é para o frigorífico, se bem que este deve ficar ao nível do chão 😅.. De forma a otimizar um pouco o trajeto, até porque acabamos por andar um pouco para trás no decorrer deste dia tendo em conta o local previsto para a pernoita, seguimos caminho em direção à praia fluvial de Amieira. Não ficamos fãs, nem fotos tirámos (..), talvez por termos estado primeiro na de Monsaraz. As infraestruturas, apesar de mais simples, são mais do que suficientes. O areal é grande se bem que junto a água existia uma falha preenchida por uma espécie de lama/lodo, que para quem quer fazer um tratamento de beleza aos pés, até poderá ser bom.. Quanto à água, esta apresentava um aspeto demasiado turvo. Julgamos que é normal, a praia encontra-se numa espécie de braço do Alqueva, algo estreito e que, apesar de ter o rio Degebe a alimentá-lo, existem barragens a montante que em Agosto provavelmente pouca água fornecem ao curso de água. Mesmo assim, demos um mergulho rápido, afinal estávamos numa praia também ela galardoada pela bandeira azul em 2020 (algo que, para além das águas, as 3 praias visitadas tinham em comum). Picado o ponto, voltámos a estrada e repusemos o fluxo natural da viagem, novamente em direção a sul, a caminho da praia fluvial de Mourão. Foi a praia onde acabámos por estar mais tempo, não por ser a melhor, mas sim porque foi nesta que resolvemos tirar finalmente os kayaks da bagageira e fazer um pequeno passeio pela albufeira. Pequeno porque o vento não deu tréguas, mas o suficiente para matar saudades e termos outra perspetiva do Alqueva. A albufeira é gigante! Sem dúvidas algo a repetir numa modalidade de alojamento local, utilizando outro meio de locomoção terrestre que nos permita levar as versões rígidas dos meios aquáticos.

Um aparte quanto a água, melhor que em Amieira, mas também ela turva e com lodo na entrada para a água, quando comparado com Monsaraz. Aqui, apesar de muito mais aberto que na praia de Amieira, estamos noutro braço do Alqueva, o que deve contribuir para uma menor dispersão das partículas em suspensão que, associado a grande afluência de pessoas em agosto, contribui para águas menos límpidas.

Desta praia ainda tivemos a oportunidade de trazer uma história, a juventude resolveu também ela aproveitar os meios aquáticos e dar uma volta pela albufeira. Já a mais velha estava em terra e tinha colocado a embarcação a secar, verificámos que a versão mais jovem estava a muitas centenas de metros da praia, prestes a ser atacado por um cisne rosa gigante! Não certos da docilidade do animal, ficámos logo preocupados. Em suma, alguém na praia deixou à solta um cisne insuflável que, vendo que o vento estava de feição aproveitou e fez-se à albufeira. Uma senhora foi atrás do bicho numa prancha de paddle, para lá foi muito bem e conseguiu apanhá-lo, o problema foi voltar, isto porque o vento era forte e constante na direção contrária.. O nosso jovem herói foi ele também atrás do bicho, acompanhou e ofereceu-se para ajudar por 2 ou 3 vezes, todas elas recusadas. Dito isto, restou-nos observar a luta titânica para que o cisne regressasse.. Findo este périplo, ainda deambulámos um pouco pela península enquanto o sol se punha..

Já com o sol poisado no horizonte, tempo de ir até ao spot para a noite, a Aldeia da Luz. O local de estacionamento não é dos melhores, muito escuro e apesar de encostado ao aglomerado da aldeia, não fosse estarem mais 2 autocaravanas no local ficaria o sentimento de algum isolamento. Durante a noite ainda fomos brindados com sons de algo a passar junto da face mais escura do veículo, ao qual o Turista prontamente calçou a capa (vá, sapatilhas) e foi até ao exterior, aproveitando para dar um sprintzinho, só para ver se ainda estava em forma 😁

Road trip verão 2020 – Dia 7

Mação – Monsaraz

Outro dia puxadinho! A nossa primeira paragem foi para conhecer a praia fluvial do Alamal, que fica no concelho de Gavião. Dizem que é “A Pérola do Tejo” e, não fossemos nós estragar tão ilustre lugar, decidimos não testar a qualidade da água. Vá, em boa verdade, era cedo e ainda não convidava muito. Depois de apreciar a envolvência da praia, percorremos o passadiço do Alamal, que era a principal motivação da paragem. Tanto a praia como o passadiço são vigiados pelo castelo de Belver, que fica do outro lado do rio. Não sendo um passadiço monumental, pois não chega a ter 2 km’s de extensão linear (ou seja, quase 4km’s a contar com o regresso), o percurso torna-se numa conjugação engraçada de natureza e história. Depois do passeio e de termos aproveitado para tirar umas quantas fotos, tempo de regressar à Bicha, à qual estava reservada a subida dali para fora numa espécie de hora de ponta (a hora do almoço aproximava-se e notava-se o aumento de trânsito em direção à praia), num acesso caracterizado por um declive já apreciável para o nosso meio de locomoção e por umas belas curvas em forma de gancho. Após alguma espera, o fluxo lá acalmou e, numa nesga em que não vislumbrávamos carros a descer, lá fomos nós em direção a Arraiolos.

Noutras andanças, já tínhamos passado por perto dessa localidade, mas nunca tínhamos feito paragem nessa tão afamada terra dos tapetes. Fomos então conhecer o seu castelo. No cimo do seu monte, denominado de “monte de S. Pedro”, o monumento tem a singularidade de ser circular. Acabou por ser uma visita relativamente curta pois, se é verdade que o interior do mesmo é amplo, trata-se de um castelo de grandes proporções, pouco encontramos dentro da muralha para além da Igreja do Salvador, que estava fechada.

Assim, reconhecido este território, fomos tratar do almoço e seguimos viagem em direção a Évora. Ao invés do que seria expectável, visto a quantidade de motivos de interesse para visitarmos a cidade, acabámos por passar “ao largo” e fomos até ao aeródromo de Évora. Não, não fomos tentar que a “bicha” levantasse voo. A criança “mai’ velha” tinha alugado um kit de asas há já algum tempo e como não ficava muito fora de mão, lá acedemos e demos-lhe boleia até ao local de embarque. Foi muito giro. Muito giro mesmo… 4 horas de espera debaixo daquele belo sol que caracteriza aquela zona do Alentejo, em pleno agosto, com parquíssimas sombras. Mas pelos vistos valeu a pena, tendo em conta o sorriso de orelha a orelha da criança “mai’ velha” após o salto, de tal forma que a mãe e até o irmão já estavam todos empolgados em marcar uma descida. Estranhamente, não foi possível encontrar o mesmo entusiasmo por parte do pai.. Tenrinho..

Para terminar o dia, seguimos viagem até Monsaraz, o local definido para a pernoita. Apesar da espera prolongada pelos arredores de Évora, que em teoria poderia causar mossa no que tínhamos programado para o resto do dia, a verdade é que deu para chegarmos calmamente a Monsaraz e ainda tivemos oportunidade de escolher o local no parque destinado às autocaravanas. Já instalados, subimos até à pequena povoação dentro da muralha e no castelo aguardámos que o sol se escondesse. Como nós, muitos outros foram chegando para apreciar a magia daquele momento, num espetáculo natural em tons dourados, tendo por fundo um espelho de água e o silêncio, apenas perturbado por pássaros e vozes discretas dos espetadores. Mesmo cheios de fome, só arredámos pé dali depois de satisfeitos. Monsaraz é sem dúvidas dos locais mais idílicos para se estar num final de dia.

Quando descemos até ao parque, acabámos por constatar a forma um tanto ou quanto peculiar que caracterizava o nosso estacionamento, que quebrava o alinhamento perfeito dos demais veículos. Em pouco mais de 1 hora, o parque estava repleto de autocaravanas! Lá fomos fazer a nossa faxina e, depois de jantar, regressámos ao povoado para vaguear, percorrendo as ruas catitas e pitorescas, e aproveitando para mais algumas fotografias.

Road trip verão 2020 – Dia 6

Praia O Moínho – Mação

Como os últimos dias foram de pacatez e moleza, com relativos poucos quilómetros percorridos por dia, e como tínhamos semi-planeado uma minivolta a Portugal, era tempo de dar corda às sapatilhas e fazer-nos à estrada como se não houvesse amanhã. É caso para dizer que o sexto dia foi puxadinho..
Saímos de Benquerença em direção a Castelo Novo, onde queríamos visitar a zona histórica e aproveitar para molhar os pés na praia fluvial. Estacionámos a bicha próximo da praia fluvial de Castelo Novo e subimos a pé até à zona histórica. O dia estava bastante quente. Aspeto interessante é que a localidade tem inúmeras bicas fartas de água fresca e cristalina, não estivéssemos nós em terra das conhecidas Águas do Alardo. Subimos até à zona do castelo apreciando as ruas e casas de pedra.

Junto ao castelo, entrámos no posto de turismo e ouvimos uma breve descrição do que visitar, aproveitando também para comprar o íman da praxe e vinho da região (que, no decorrer deste périplo, acabou por ser também da praxe..). Do castelo, avista-se a planície que vai até à não muito longínqua aldeia de Monsanto, empoleirada no seu monte.

Depois do castelo fomos espreitar uma antiquíssima raridade, anterior aos tempos da Maria Cachucha: a “Lagareta”, que foi utilizada como lagar de vinho por sucessivas gerações de castelo-novenses.

Depois deste passeio, a praia fluvial esperava-nos: água ultra-límpida, temperatura agradável, frescura garantida num dia de calor! Soube a pato..

Rodas na estrada, fomos em direção à praia fluvial de Lavacolhos, localidade que dá nome à praia. Já na localidade, tivemos mais uma daquelas sensações de “estamos a meter-nos num 31..” patrocinado pela bicha, quando vimos a estrada de acesso à praia. Tempo de fazer um reconhecimento a pé e lá percebemos que o estreitamento era só numa parte diminuta e que o declive era aceitável, pelo que pudemos ir com ela até às margens da ribeira da Gardunha. A praia e zona de lazer envolvente são bem cuidadas e prazerosas.

Picámos o ponto, dando um mergulho no rio e lá continuámos a nossa viagem em direção a Orvalho, concelho de Oleiros, onde pretendíamos fazer uma pequena parte do percurso pedestre dos passadiços, para ver a cascata da Fraga de Água D’Alta. Estacionámos junto ao acesso da escadaria do passadiço e por ali ficamos o tempo suficiente para testar a água e tomar um duche debaixo dos pingos de água que caíam do alto. Uma nota relativamente ao percurso, daquilo que tivemos oportunidade de ver, trata-se de um trajeto bastante sinuoso e com muitas escadarias ao longo do mesmo, se voltarmos para o fazer na totalidade, será concerteza no outono ou primavera, com tempo ameno.

A nossa intenção era pernoitar junto da praia fluvial de Cardigos, no concelho de Mação, mas.. A praia em si.. Tão bom, tão bom que nem fotos! Contextualizando, estamos a falar numa das praias mais badaladas da região, tendo encontrado, no decorrer das pesquisas, muitos comentários de excelência. Íamos com expetativas muito altas. A realidade: piscina de fundo azul, que faz aproveitamento da água de uma pequena ribeira. Nem sequer deu para poder apreciar a zona de lazer, nem parecia estarmos em tempo de pandemia.. Apesar da vontade ser de fugir dali depressa, tivemos de fazer o teste à água e, pois bem, já vimos piscinas com menos cloro.. Poucos minutos de refresco chegaram. Fomos para a bicha pensar na nossa vida! Já era tarde e tínhamos de decidir onde ficar a dormir. Uma vez que fomos avisados por um local que a polícia andava a multar a malta das vans e autocaravanas que optava por pernoitar ali, fomos para a área de serviço de autocaravanas de Mação. O local é um amplo espaço de estacionamento junto aos bombeiros e GNR, não sendo dos espaços mais agradáveis, tendo a seu favor o facto de dispor de eletricidade gratuita para duas caravanas.. Inicialmente sozinhos, lá chegaram mais duas autocaravanas. Ainda deu para um parlapié com um casal com dois filhos ainda em tenra idade, ficando a saber que andavam a fazer uma roadtrip pelas praias fluviais da zona centro do país.

praia fluvial – Castelo Novo

Road trip verão 2020 – Dia 5

Praia fluvial de Valhelhas – Praia fluvial o Moínho

Se no dia anterior apenas tomámos um banho rápido no rio Côa, hoje os banhos foram para ir saboreando lenta, lentamente, pela praia fluvial de Valhelhas. Tendo ainda relativamente poucos km’s de curso, o rio Zêzere brindou-nos com uma água fresca (mas tipo, mesmo fresca!) e límpida, como em poucos sítios é possível encontrar. O senhor “muita fo’te” foi logo cedinho testar a temperatura da água, enquanto o rio podia ser só dele. Acabámos por passar a manhã na preguiça, ora absorvendo vitamina D, ora pondo o corpo vitaminado de molho, volta e meia, meia volta!

Ahh, que bem que se estava (..) até surgir um enxame dos colchões insufláveis, malas térmicas (que saudade dos belos tachos e garrafões de 5 litros..) e dos sempre tão respeitadores das boas práticas em tempo de pandemia. Valhelhas é de facto uma belíssima praia fluvial que sofre, à semelhança do muito que temos de bom, do turismo de massa em Agosto. Foi aí que percebemos que era melhor tratar da vida e, depois do almoço, fomos em preguiçosa viagem até outra praia fluvial, “O Moínho”.

A viagem não é longa! – disse a copiloto, para os jovens que já reclamavam mais horas de banho – É já ali!

Estava tudo a correr bem, dirigindo-nos para Benquerença, localidade pertencente ao concelho de Penamacor, onde se situa a referida praia. Até que, começámos a avistar uma fumaça bem negra, cada vez mais próxima. “É impressão minha ou estamos mesmo a dirigir-nos para a zona do incêndio?” – pergunta a copiloto. Poucos metros à frente, a GNR a ordenar parar. Ou aguardávamos que o fogo acalmasse, ou estudávamos um caminho alternativo. E o Muita fo’te destemido, com auxilio do smartcenas, estudou a tal alternativa, que nos deu mais um daqueles momentos patrocinados pela bicha (há quem jure que foram uns 12 km’s de preces..).

Mas lá chegámos à praia Fluvial “O Moínho”, que estava com uma ocupação razoável. A água tinha um aspeto turvo o que, para quem tinha estado de manhã em águas translúcidas, teve um primeiro impacto negativo, mas lá conseguimos vislumbrar que era apenas do remexer do fundo. O local é aprazível, relva verdinha, árvores grandes que proporcionam boa sombra.

Como chegámos a meio da tarde, bons lugares para estacionar a bicha não existiam, mas resolvemos desenrascar a coisa para tentarmos aproveitar o resto da tarde e lá mais para o final, lá conseguimos mudá-la para um spot à beira rio. O local tem condições para fazer despejos de águas sujas, água potável e casas de banho, em contrapartida não existiam chuveiros nem eletricidade. Não fosse a existência de um café do outro lado do rio, frequentado até altas horas da madrugada, a noite teria sido muito boa.

Road Trip verão 2020 – Dia 4

De Mêda a Valhelhas

No trajeto do dia anterior, acabámos por passar por mais locais que, em condições normais, teriam merecido não só uma menção, mas também uma visita mais prolongada. No entanto, o caso de Longroiva acaba por ser mais grave pois, não só não parámos (desta vez..) como o local nem menção mereceu (!) Assim, importa antes de mais referir a razão, conseguem adivinhar? Isso mesmo, a bicha.. Perdemos a oportunidade de a estacionar logo à entrada da vila e pronto.. Mas boas notícias, temos memória que daqui para a frente aprendemos (finalmente) a lição.. E em boa verdade, a este facto também se juntou a ânsia de chegar a tempo de um mergulho nas piscinas junto ao parque de campismo. Em relação à povoação, importa referir que, ao passarmos por lá ao final do dia, ficou-nos na retina a forma como a luz incidia nas construções, sobretudo na zona do pequeno castelo.. Quanto a locais de interesse, para além do já referido castelo (que, da última vez que por lá passámos, também acumulava as funções de cemitério..) e o pelourinho, Longroiva é conhecida também pela sua estância termal.

É verdade que, sendo Marialva um ponto que queríamos reviver, teria sido perfeitamente possível e se calhar mais rápido passar novamente por Longroiva, mas preferimos optar por uma estrada que nunca tínhamos percorrido e chegar a Marialva com outra perspetiva.

A pernoita no parque de campismo de Mêda foi tranquila (lembram-se da ânsia por um mergulho na piscina? pois bem, o melhor que se arranjou foi mesmo um banho de chuveiro, a piscina já estava a encerrar quando lá chegámos). O parque tinha boas condições, sendo o espaço para cada autocaravana bem delimitado, com acesso a mesa de madeira, estendal de roupa e outros pormenores. Na tarde anterior, quando chegámos e estacionámos, um vizinho autocaravanista veio logo dar-nos dicas de qual a melhor forma de estacionar sem levar com o sol da manhã. Agradecemos, mas dissemos que só ficávamos uma noite. O Senhor ficou espantado. Dissemos que sempre tivemos medo que as rodas ganhassem raízes e, por isso, partíamos no dia seguinte para ver mais mundo! E assim foi, seguimos viagem até a aldeia histórica de Marialva, muito perto de Mêda.

Foi um revisitar. Há alguns anos atrás, já lá tínhamos passado uma noite muito confortável numas conhecidas casas turísticas. Refere o site da Câmara Municipal de Mêda, que “ao entrar em Marialva, fica-nos a sensação que entramos num cenário histórico, as ruas, ladeadas por edifícios resistentes ao tempo, conduzem-nos à cidadela cercada pelas muralhas em cujas ruínas perdemos a noção do tempo”. Esta sensação é mesmo real.

De Marialva rumámos a Pinhel, onde chegámos pela hora de almoço. Depois de algumas voltinhas pela cidade até encontrar um sítio com sombra para estacionar, cozinhámos e fomos depois conhecer a zona mais antiga. A cidade parecia não ter habitantes. Pequenos comércios encerrados, raramente nos cruzámos com outras pessoas.. Bem, em boa verdade, podiam estar apenas a resguardar-se do calor e o problema sermos nós, que temos a mania que somos muita fo’tes..
Percorrendo as ruas mais antigas que nos levaram ao castelo da “Cidade Falcão”, assim é conhecida, vimos casas de pedra, umas mais asseadas que outras e algumas em decadência, solares, capelas e igreja. Tem uma vista panorâmica interessante no cimo do monte, onde está a torre do castelo, que não foi possível visitar.

Dali fomos em busca de mais património histórico (Oh não! E piscinas, praias fluviais, não há?! ). Destino: Vilar Maior. Mas antes de lá chegar, as vozes dos “crianços na maioridade” foram escutadas e eis que, de repente, encontrámos uma indicação de “praia fluvial”. Paragem obrigatória! Era um dia muito quente e, nesses dias, a água comanda a vida. A praia, com nome engraçado, “Badamalos”, estava pejada de portugueses emigrantes em França. Era notório pelo parque automóvel por ali estacionado, cheio de matrículas francesas, e também pelo dialeto do qual pudemos ouvir coisas como “Michel, vien que a água está bonne!”

Depois do refresco nas águas do rio Côa, fomos então à procura do tal Castelo de Vilar Maior. Quase a chegar ao destino, já se avistava o castelo no cimo de um monte, seguimos as primeiras indicações para a povoação que nos levaram para uma estrada de paralelos que, à medida que fomos avançando, começou a afunilar.. Pensámos desistir, mas o condutor, que sofre do tal síndrome do muita fo’te, decidiu avançar (ao seu lado ia alguém a rezar para que não aparecesse nenhum veículo em sentido contrário. As preces foram ouvidas! ). O castelo de Vilar Maior fica numa pequena povoação e freguesia com o mesmo nome. Não se consegue aceder ao castelo a não ser a pé, mas o percurso é breve e bem sinalizado. O castelo está relativamente bem cuidado, sendo exceção o interior da torre de menagem. O local é muito tranquilo e, apesar de ser um castelo pequeno, com partes em ruína, tem informação histórica disponível no local. Caso para dizer que valeu a pena a paragem até porque nunca ali tínhamos estado, apesar de ser uma zona do país que já explorámos noutras ocasiões..

Seguimos a o itinerário em direção ao poiso da próxima dormida, o parque de campismo junto à praia fluvial de Valhelhas. Chegámos na hora em que as bóias e os cestos de piquenique estavam a desertar! Chatice, tanto espaço para nós.. E que bem que soube mergulhar na água do rio Zêzere àquela hora..

Road trip verão 2020 – Dia 3

Torre de Moncorvo – Mêda

A opção de pernoitarmos por Torre de Moncorvo, apesar de já assinalada no mapa inicial, não deixou de ser uma solução de recurso. Visto o dia anterior não ter sido daqueles dias idílicos como muitas vezes gostaríamos de pintar (até fizemos com que a bicha, numa manobra de inversão de marcha em Peso da Régua, trouxesse um recuerdo no para-choques traseiro), as expectativas para este dia “nasceram” uns furos abaixo do habitual. Dito isto, feita alguma pesquisa na noite anterior sobre a localidade e como tínhamos as bicicletas, resolvemos retirá-las do sufoco das cintas e ir até à ecopista do Sabor, que aproveita o antigo traçado da linha férrea com o mesmo nome. Optámos por fazer o troço entre Torre de Moncorvo até Pocinho e, de uma coisa que não estava prevista, acabámos por ter um dos pontos altos do nosso roteiro..

Chegados finalmente ao Pocinho, deparámo-nos com a antiga ponte da ferrovia, dando término ao percurso. Curiosos com a estrutura, demos meia volta até conseguirmos chegar à entrada do tabuleiro inferior, onde tivemos direito a um desfile de modelos..

No regresso, apesar do calor já apertar, o fraco desnível que caracteriza este tipo de percurso permitiu-nos fazer a viagem a bom ritmo.

Ahh, tudo corria de feição, chegámos a Torre de Moncorvo depois de uma manhã que temos por cheia, quando surge a segunda saga desta pequena odisseia: furos! Tempo de regressar a “casa” para cozinhar e consertar um dos veículos de duas rodas.

De tarde e estando já com um pé em Trás-os-Montes, aproveitámos para dar um salto até à adega cooperativa, de onde só temos pena de não ter trazido mais azeite e vinho. Pelo caminho aproveitámos para revisitar a igreja de Moncorvo e a sua afamada figueira, ou pelo menos o que dela resta..

Contrariamente ao dia anterior, acabámos por passar praticamente todo o dia por terras de Moncorvo, pelo que optámos por um salto mais curto para a nossa pernoita, tendo recaído a escolha no parque de campismo de Mêda. Como é normal nestas andanças, aproveitámos o trajeto para fazer um pequeno desvio em Vila Nova de Foz Côa para ir às compras de bens essenciais como, por exemplo, câmaras de ar para bicicletas.. Já em Mêda, após banhos e jantar, ainda tivemos a oportunidade de deambular um pouco pela localidade que, não sendo monumental, não deixa de ter um aglomerado, na sua zona mais antiga, que merece uma visita e que, a partir do qual, podemos facilmente aceder ao morro do castelo e ao ex-libris da cidade, a torre do relógio.

roteiro dia 3

Road trip verão 2020 – Dia 2

Estrada Nacional N222

Continuámos a viagem pela estrada nacional 222, em direção a Peso da Régua. A viagem foi demorada, pois conduzir uma autocaravana de porte médio ou grande numa estrada com muitas curvas e por vezes muito estreita, é um ato de coragem, principalmente quando de frente nos aparecem veículos pesados e em excesso de velocidade… A primeira paragem neste trajeto foi o miradouro de Teixeirô. Dali avista-se a foz do rio Bestança, a albufeira da Pala, resultante da construção da barragem de Carrapatelo, a linha ferroviária do Douro e a ponte de Mosteirô. (Chegar a este miradouro com a autocaravana foi a primeira aventura: estrada estreita, sem sítio adequado para estacionar… logo que pudemos, parámos a “casa com rodas” e fomos procurar o miradouro a pé, o que vale é que faltava pouco!)

“Queremos água!” – gritavam eles.. A primeira paragem para banhos foi no ribeiro Cabrum. Na estrada nacional 222, encontrámos um estacionamento de terra batida e indicações para as poças do Cabrum. Ali passámos algum tempo a refrescar-nos na água límpida e a saltar para a “poça”, até a barriga dar sinais que, se calhar, deveríamos procurar algum repasto.

Almoço feito e saboreado ao som da água do rio a correr, fomos bem mandados e não fomos “cabrum”, deixando o local tal qual o tínhamos encontrado..
Continuando pela N222, o próximo ponto de interesse foram as termas das Caldas de Aregos. Paragem por breves instantes onde ainda deu para molhar as mãos na água sulfurosa e apreciar, a partir do seu porto, a forma em como a pequena localidade se desenvolveu sobre o anfiteatro natural para o seu porto.

Voltando a estrada e apesar de termos passado por muitos pontos de interesse tais como Resende ou Peso da Régua (este último até tem um parque de autocaravanas muito conhecido), acabamos por não explorar muito até porque, aliado ao facto de ser uma zona que já exploramos noutras ocasiões, sentimo-nos condicionados pelo porte da autocaravana. Se já andar com a bicha em alguns troços da N222 foi o que foi.. Dito isto, continuamos pelo miradouro natural que muitos troços desta estrada nacional nos proporcionam e assim foi até chegarmos um pouco antes de Pinhão. Neste ponto o perfil da estrada assume uma rota mais afastada do rio Douro pelo que resolvemos tentar (lembrai-vos da história da bicha..) fazer os tão afamados miradouros do rio Tua. Abandonando a N222 (é só um até já, faremos provavelmente o resto por altura das amendoeiras em flor), lá fomos nós sempre pelas estradas que nos ofereciam aparentemente as melhores condições para passarmos sem grandes calafrios, até ao miradouro do Ujo. Após algumas hesitações quanto ao melhor spot para estacionar, lá fomos ver as vistas (e que vistas).

Tínhamos mais 2 miradouros anotados (São Lourenço e Olhos do Tua) e ainda fomos até a localidade de Safres em direção ao de São Lourenço, de onde deu para perceber o traçado sinuoso que a estrada municipal iria assumir pelo que, aliado ao facto de nos parecer que a mesma estreitava, resolvemos perguntar a uns locais a melhor forma de chegar ao miradouro. Temos noção que eles proferiram algumas palavras, mas em boa verdade o que nos ficou foi a forma em como eles olharam para a bicha com cara de “têm a certeza?” Dito isto, meia volta, novos planos e fomos em direção a Torre de Moncorvo para pernoitarmos. Quando lá chegamos, ficamos um pouco apreensivos pois o parque estava vazio e é meio isolado, mas com o quase anoitecer lá vieram os vizinhos. A área em si está longe de ser tão boa como a da noite anterior, em contrapartida foi muito mais sossegada..

roteiro dia 2

Road trip verão 2020 – Dia 1

Souselo (Cinfães) área de serviço para Autocaravanas

Chegámos a Souselo já perto da hora de jantar. O sol estava quase a pôr-se. Depois de estacionar a autocaravana, fomos junto à Igreja Matriz, que fica mesmo ao lado, no alto de um pequeno monte. Dali admirámos a despedida de mais um dia. Sentámo-nos e ali ficamos a apreciar calmamente o momento. Depois, as lides normais: preparar o jantar e descansar. Esta área de serviço para autocaravanas é muito recente, com condições excelentes! Disponibilidade de eletricidade, wc e chuveiros. Uma desvantagem é estar situada mesmo junto à estrada nacional 222, o que não permitiu que a noite fosse absolutamente tranquila.

Road trip verão 2020 – De autocaravana, do Douro ao Algarve

Contexto

As férias de verão de 2020 estavam a ser programadas há muito tempo. Já tínhamos os bilhetes de avião comprados para os quatro desde o início do ano. Os alojamentos estavam reservados… Contudo, a pandemia trocou-nos as voltas com uma grande pinta! Estivemos sem mais planos pensados até ao mês de julho – meados de julho – quando decidimos fazer uma viagem de autocaravana, com um mapa de Portugal mais ou menos assinalado (só alguns pontos de interesse, mas poucos, para aquilo que é costume). A autocaravana estaria ocupada nos dias que pretendíamos, por isso tivemos mesmo de ir nos primeiros dias de agosto, coisa que não apreciamos muito, porque agosto está cheio de pessoas (calma, gostamos de pessoas, mas na dose certa) que estão de férias e que muitas vezes fazem de um momento que deveria ser bom, um autêntico pesadelo… Mas ok, o facto de viajarmos em autocaravana deu-nos alguma liberdade de poder circular e escolher sítios mais calmos, e o agosto não se mostrou, assim, desagradável.

Não foi a nossa primeira viagem em autocaravana, mas foi a mais demorada. Para fazer esta viagem, foi preciso explorar um pouco uma APP – park4night – que os viajantes com autocaravanas utilizam a fim de saber onde dormir com segurança, onde fazer os despejos de águas sujas (águas de cozinha, banhos e da sanita química) e abastecimento de água potável. Depois de verificar onde existiam locais agradáveis para poder estacionar e passar a noite, definimos a nossa rota.