PR 01 – Serra do Topo – Caldeira de Santo Cristo – fajã dos Cubres (10km linear)

É impossível começar a escrever sobre este PR sem deixar escapar uns suspiros. Este é sem dúvida, um dos mais agradáveis percursos pedestres da ilha de S. Jorge. E é também o mais procurado pelos turistas, o mais calcorreado de todos! Enquanto que nos outros trilhos, com sorte, encontramos uma ou duas pessoas, neste foram dezenas de pessoas, falantes de diversas línguas, uns mais preparados para o caminho que outros (sapatilhas brancas, do dia a dia, enlameadas ou ‘embosteadas’ – definição para sapatilhas com novos acabamentos, baseada numa mistura de lamas e poios bovinos). 

Para quem fica nesta ilha numa estadia muito breve, dois ou três dias, ou pouco mais, este percurso é imperdível, para chegar à Fajã de Santo Cristo e terminar na Fajã dos Cubres: dois postais de visita da ilha!

O trilho inicia na Serra do Topo, onde existe um parque de estacionamento com bastantes lugares que, dada a popularidade do PR, costumam ser parcos, por isso a regra é chegar cedo ou então estacionar na fajã dos Cubres que tem muito mais lugares e apanhar táxi para o Topo. Seguindo as indicações do trilho, que nos faz passar por zonas de pastagem, em que é necessário abrir e fechar portões de madeira para o gado não fugir, fomos descendo e observando aquela paisagem (acho que não a consigo descrever, mas ela está-me aqui bem cravada na memória).

Parando aqui e ali para as fotos da praxe com o gado que se está nas tintas para quem passa, porque há tanto verde para saborear, descemos até encontrar um pequeno desvio ao trilho, para observar uma cascata, que nomearam de Cascata Pequena. Ali foi um bom sítio para fazermos a pausa café da manhã, com o rumor das águas que caíam do alto da cascata… Saímos dali para continuar a caminhada, pois entretanto chegou uma família numerosa (das sapatilhas brancas…) e era necessário dar-lhes espaço para apreciarem aquele espaço.

Ainda nos cruzamos com mais um amigo de quatro patas com crina, já começa a ser praxe por estas bandas, e, para não variar, lá encetamos contactos.

Continuando, encontramos um local de onde podemos avistar a caldeira de Santo Cristo, como quem avista o tal ambicionado troféu!

Com forças redobradas, rapidamente descemos até à Fajã, que, na entrada, nos faz percorrer um carreiro/caminho entre muros de pedra negra carregados de aloés. Este leva-nos até ao Santuário do Senhor do Santo Cristo.

Ali fizemos um pequeno desvio e prosseguimos pela zona de calhaus rolados, para ver o mar e ao mesmo tempo a vista sobre a Fajã e Lagoa. É nesta que crescem as afamadas amêijoas da Caldeira de Santo Cristo, pitéu que todo o turista espera (e deve!) provar quando vem à ilha. 

Hora de refrescar o corpo nas águas da lagoa, uma experiência que recomendamos (uso de sapatos de água altamente recomendável). Ali nos mantivemos por um bom bocado e almoçámos. E as ameijoas?! Não as provaram? – perguntam vocês… Já tínhamos provado em 2016. É um pitéu dispendioso e em boa verdade, as que estavam nos restaurantes naquela altura eram congeladas visto termos estado em pleno período de defeso da apanha … Por isso, guardamos o dinheiro para outras aventuras.

Como o trilho continua até à Fajã dos Cubres, lá tivemos de deixar aquele postal e retomar o caminho.

não sem antes atiçarem uma fera contra o Turista… Bobby, ataca!

O trajeto entre a Fajã de Santo Cristo e a Fajã dos Cubres, com a Fajã do Belo pelo meio, é partilhado com os veículos de 4 rodas, vulgo moto4, que circulam para servir de táxi aos impossibilitados de percorrer o caminho a pé (se bem que alguns/muitos mais pareciam padecer de preguiça…). Como o caminho é muito estreito, foram diversas as vezes que o povo caminhante teve de se empoleirar onde era possível, para deixar passar tais veículos. Depois de passar a Fajã do Belo, a nossa visão consegue já alcançar parte da Fajã dos Cubres, outro local que não fica nada atrás da Fajã de Santo Cristo em termos de beleza.

Mesmo à entrada da Fajã dos Cubres, existe um grande parque de estacionamento onde se encontram alguns táxis, para quem não quiser prosseguir. Nós prosseguimos, visitando a parte das lagoas (nestas é proibido tomar banho) e depois para o centro da localidade, onde junto à igreja, se encontram alguns cafés/roulotes e uma fila ordenada de táxis que aguardam a chegada dos turistas que precisem de ser transportados até ao parque eólico. A viagem custou pouco mais de 20€ e demorou cerca de 20 minutos.

Ribeira de São João

percurso do dia

Dia de descanso dos percursos! E para “desenjoar” um pouco dos trilhos marcados da ilha, nada melhor do que ficar por perto e explorar o local onde estávamos alojados. Em conversa com locais, já tínhamos ficado com a pulga atrás da orelha acerca de um poço + queda de água que se encontram a montante da ribeira que desagua nos limites da fajã. Se a isto acrescentarmos o facto das águas desta serem cristalinas, estava feito o convite, pelo que, neste dia de repouso, nada melhor do que fazer nova caminhada.. 🤦🏻‍♂️😂

Revelou ser uma boa aposta, o trilho acabou por ser o leito da ribeira, onde fomos saltando de pedra em pedra.

A progressão é feita ribeira acima, estando esta na base de um mini desfiladeiro, com autênticas paredes a balizar o seu leito em alguns pontos, pequenas quedas de quando em quando, até conseguirmos avistar finalmente uma queda de água e o seu poço.

Pelo meio, alguém (aka Viajante) aproveitou para arranjar algum material de marketing.. 😁

Moral da história, estivemos por lá toda a manhã, numa piscina natural só nossa onde, numa das paredes, existiam fios de água a cair, a fazer lembrar um pouco as 25 fontes, na Madeira. Não fosse não termos levado o almoço, provavelmente teríamos por lá ficado o dia todo..

fajã de São João (fonte: google maps)