Road trip verão 2020 – Dia 9

Aldeia da Luz – Minas de São Domingos

Se há coisa que apreciamos do Alentejo é o pão! Já é praxe levarmos uns quantos para casa sempre que passamos pela região. Se a isto aliarmos aquele calor tão bom que sentimos logo pela manhã com o raiar do sol, estavam reunidas as condições para que o Turista fosse o primeiro a levantar-se e a sair da Bicha, em busca de uns belos pães alentejanos, aproveitando para deambular um pouco ao acaso pelas ruas da povoação. Nunca tínhamos estado nesta tão afamada aldeia. Tudo muito ordenado, a generalidade das construções respeitam o que é típico nesta região, sem grandes movimentações. Encontrada a padaria e feitas umas quantas aquisições, ainda teve a oportunidade de ir até a igreja de Senhora da Luz, reconstrução à imagem da original, onde encontrámos nas proximidades o museu da aldeia “antiga”, bem como o cemitério trasladado. Foi ainda possível avistar uns passadiços e a uma espécie de marina, que acabamos por visitar depois do pequeno almoço.

O percurso em si é relativamente curto, talvez dê 1km ida e volta, mas acabou por ter vários motivos de interesse que nos fizeram prolongar o passeio por mais tempo do que o normal para esta distância.

Tivemos a sorte de o percorrer sozinhos, cada um um pouco na sua, ora a olhar para as vacas, ora para os “fura olhos” (libélulas), ora para a paisagem onde avistávamos um casamento quase perfeito entre o Alentejo e o resultado da intervenção do homem, o espelho de água do Alqueva.

Seguindo viagem a sul, acabamos por delinear duas paragens antes do destino final, uma praia fluvial onde queríamos dar uns mergulhos com o calor ainda a apertar. Primeira paragem, Moura. Pequena cidade com uma malha urbana algo cerrada junto do seu núcleo, constituído por um castelo e convento em ruínas. Passeio agradável, algumas ruas singulares, muitas a fazerem pose para a foto e o conjunto museológico/castelo/convento, tudo muito arranjado, que só peca pelo convento não ter sido ainda alvo de intervenção com vista ao seu restauro.

Próximo destino, Serpa. A ligação do nosso Turista com esta localidade é já antiga. Foi ponto de passagem por 2 ocasiões deste até terras de Tavira, com pernoita em casa de colega de curso, este ainda era estudante. Como diria uma certa figura pública, fui muito feliz em Serpa.. 😎 Outros tempos, outras prioridades, de tal forma que ele até acabou por lá passar por 2 vezes e nem se lembra da cidade ter castelo ou muralhas.. Entretanto já enquanto casal, tivemos a oportunidade de visitar o núcleo urbano tendo batido com o nariz no portão de acesso ao castelo, que nos deixou com sede de voltar dada a singularidade do acesso ao monumento.

Um reflexo do tempo e ironia do destino, agora é a mai’ velha que tem uma amizade por terras serpenses, com a qual nos encontramos e nos brindou com uma visita guiada pela cidade. Tudo corria 5 estrelas, íamos deambulando pelas ruelas, tirando fotos e trocando impressões aqui e ali, aproximando-nos a passos largos do ponto alto desta paragem, quando viramos finalmente para o acesso e.. Bom, ainda não foi desta, uns tenrinhos esqueceram-se que era segunda-feira e o que acontece na maior parte dos monumentos nacionais às segundas? Estão fechados… Bom, chatice, lá teremos de voltar outra vez para tentar a sorte e levarmos mais uns queijinhos para casa..

Depois de agradecermos a hospitalidade, retomamos a estrada rumo à Mina de São Domingos, onde iriamos pernoitar. Pequena localidade que se desenvolveu em torno das minas ainda em tempos pré-romanos, até sensivelmente meados do século passado e que hoje acaba por viver de algum turismo, com potencial para muito mais. Um dos atrativos da localidade é a praia fluvial da Tapada Grande e era a grande motivação para tentarmos chegar não muito tarde ao local, de forma a aproveitarmos mais uma praia fluvial galardoada com bandeira azul. Gostamos, local agradável, boas infraestruturas e água razoável (tendo em conta altura do ano e quantidade de pessoas na água..).

Uma vez saciados na arte do chapinhar, tempo de calçar as sapatilhas e darmos um salto até ao complexo mineiro de São Domingos. Existem algumas placas no local mas com potencial para muito mais. Com mais algum tempo teríamos feito o antigo percurso férreo até ao Pomarão, de bicicleta, mas sendo ainda 20 km’s lineares (logo 40km’s no total), é algo para ser feito com alguma folga (para esta distância reservamos tipicamente pelo menos 3 horas). As minas em si prolongam-se por km’s, pois encontramos unidades espalhadas ao longo da linha, bem como zonas desprovidas de qualquer vida, cenários quase marcianos..

Há um misto de sensações ao visitá-las, à curiosidade em perceber como era feita a exploração e ver o que ainda existe edificado, acabamos por também ter uma amostra das consequências dos nossos atos, com impacto profundo em áreas de grandes proporções, onde nada cresce ou crateras onde se formam lagos cujas águas são ácidas. O pior é que o homem teima em não aprender.. Ainda há pouco tempo vimos um documentário na rtp3 que aconselhamos verem vivamente por abordar o outro lado das energias verdes (https://www.rtp.pt/play/p7804/e544035/o-lado-negro-das-energias-verdes). Todo o documentário nos dá uma outra visão, o reverso da medalha do que nos andam a vender como sendo verde, sendo os minutos 19-20 indiscritíveis.. Estaremos tão só a deslocalizar focos de poluição?

Viajar é isto, se é verdade que nos faz muitas vezes sonhar, é também verdade que servem para vermos coisas fora da caixa, que nos fazem pensar, crescer e até repensar as nossas prioridades..

Road trip verão 2020 – Dia 8

Monsaraz – Aldeia da Luz

Ó Monsaraz, ó Monsaraz, Mourão à vista! Se o parque reservado para autocaravanas de Monsaraz é esquivo nas infraestruturas, basicamente só temos o sítio para estacionar (isto se não chegarmos muito tarde..), não deixa de ser um sítio a repetir numa próxima passagem por estas bandas. Aquela vista sobre a albufeira do Alqueva não tem igual.

Pequeno almoço tomado, hora de fazermos um pequeno roteiro pelas praias fluviais (oficiais..) do Alqueva: Monsaraz-Amieira-Mourão. Começamos o nosso périplo pela praia fluvial de Monsaraz. Para nós a melhor tanto a nível de água, areia e infraestruturas, e a que, estranhamente, acabamos por estar menos tempo. Fomos na hora em que o calor já apertava e estávamos já muito preocupados com o almoço (depois bem podemos queixar-nos do pneuzinho..).

Este acabou por ser na terra, quiçá capital, dos oleiros, São Pedro do Corval, onde almoçamos no restaurante ‘A Tarefa’. Como não foram capazes de cobrir o nosso cachet, só podemos dizer que tem uma boa relação qualidade/preço 😂

Já almoçados, tempo de picar o ponto e irmos à procura do íman para o .. hum.. ainda é para o frigorífico, se bem que este deve ficar ao nível do chão 😅.. De forma a otimizar um pouco o trajeto, até porque acabamos por andar um pouco para trás no decorrer deste dia tendo em conta o local previsto para a pernoita, seguimos caminho em direção à praia fluvial de Amieira. Não ficamos fãs, nem fotos tirámos (..), talvez por termos estado primeiro na de Monsaraz. As infraestruturas, apesar de mais simples, são mais do que suficientes. O areal é grande se bem que junto a água existia uma falha preenchida por uma espécie de lama/lodo, que para quem quer fazer um tratamento de beleza aos pés, até poderá ser bom.. Quanto à água, esta apresentava um aspeto demasiado turvo. Julgamos que é normal, a praia encontra-se numa espécie de braço do Alqueva, algo estreito e que, apesar de ter o rio Degebe a alimentá-lo, existem barragens a montante que em Agosto provavelmente pouca água fornecem ao curso de água. Mesmo assim, demos um mergulho rápido, afinal estávamos numa praia também ela galardoada pela bandeira azul em 2020 (algo que, para além das águas, as 3 praias visitadas tinham em comum). Picado o ponto, voltámos a estrada e repusemos o fluxo natural da viagem, novamente em direção a sul, a caminho da praia fluvial de Mourão. Foi a praia onde acabámos por estar mais tempo, não por ser a melhor, mas sim porque foi nesta que resolvemos tirar finalmente os kayaks da bagageira e fazer um pequeno passeio pela albufeira. Pequeno porque o vento não deu tréguas, mas o suficiente para matar saudades e termos outra perspetiva do Alqueva. A albufeira é gigante! Sem dúvidas algo a repetir numa modalidade de alojamento local, utilizando outro meio de locomoção terrestre que nos permita levar as versões rígidas dos meios aquáticos.

Um aparte quanto a água, melhor que em Amieira, mas também ela turva e com lodo na entrada para a água, quando comparado com Monsaraz. Aqui, apesar de muito mais aberto que na praia de Amieira, estamos noutro braço do Alqueva, o que deve contribuir para uma menor dispersão das partículas em suspensão que, associado a grande afluência de pessoas em agosto, contribui para águas menos límpidas.

Desta praia ainda tivemos a oportunidade de trazer uma história, a juventude resolveu também ela aproveitar os meios aquáticos e dar uma volta pela albufeira. Já a mais velha estava em terra e tinha colocado a embarcação a secar, verificámos que a versão mais jovem estava a muitas centenas de metros da praia, prestes a ser atacado por um cisne rosa gigante! Não certos da docilidade do animal, ficámos logo preocupados. Em suma, alguém na praia deixou à solta um cisne insuflável que, vendo que o vento estava de feição aproveitou e fez-se à albufeira. Uma senhora foi atrás do bicho numa prancha de paddle, para lá foi muito bem e conseguiu apanhá-lo, o problema foi voltar, isto porque o vento era forte e constante na direção contrária.. O nosso jovem herói foi ele também atrás do bicho, acompanhou e ofereceu-se para ajudar por 2 ou 3 vezes, todas elas recusadas. Dito isto, restou-nos observar a luta titânica para que o cisne regressasse.. Findo este périplo, ainda deambulámos um pouco pela península enquanto o sol se punha..

Já com o sol poisado no horizonte, tempo de ir até ao spot para a noite, a Aldeia da Luz. O local de estacionamento não é dos melhores, muito escuro e apesar de encostado ao aglomerado da aldeia, não fosse estarem mais 2 autocaravanas no local ficaria o sentimento de algum isolamento. Durante a noite ainda fomos brindados com sons de algo a passar junto da face mais escura do veículo, ao qual o Turista prontamente calçou a capa (vá, sapatilhas) e foi até ao exterior, aproveitando para dar um sprintzinho, só para ver se ainda estava em forma 😁

Road trip verão 2020 – Dia 7

Mação – Monsaraz

Outro dia puxadinho! A nossa primeira paragem foi para conhecer a praia fluvial do Alamal, que fica no concelho de Gavião. Dizem que é “A Pérola do Tejo” e, não fossemos nós estragar tão ilustre lugar, decidimos não testar a qualidade da água. Vá, em boa verdade, era cedo e ainda não convidava muito. Depois de apreciar a envolvência da praia, percorremos o passadiço do Alamal, que era a principal motivação da paragem. Tanto a praia como o passadiço são vigiados pelo castelo de Belver, que fica do outro lado do rio. Não sendo um passadiço monumental, pois não chega a ter 2 km’s de extensão linear (ou seja, quase 4km’s a contar com o regresso), o percurso torna-se numa conjugação engraçada de natureza e história. Depois do passeio e de termos aproveitado para tirar umas quantas fotos, tempo de regressar à Bicha, à qual estava reservada a subida dali para fora numa espécie de hora de ponta (a hora do almoço aproximava-se e notava-se o aumento de trânsito em direção à praia), num acesso caracterizado por um declive já apreciável para o nosso meio de locomoção e por umas belas curvas em forma de gancho. Após alguma espera, o fluxo lá acalmou e, numa nesga em que não vislumbrávamos carros a descer, lá fomos nós em direção a Arraiolos.

Noutras andanças, já tínhamos passado por perto dessa localidade, mas nunca tínhamos feito paragem nessa tão afamada terra dos tapetes. Fomos então conhecer o seu castelo. No cimo do seu monte, denominado de “monte de S. Pedro”, o monumento tem a singularidade de ser circular. Acabou por ser uma visita relativamente curta pois, se é verdade que o interior do mesmo é amplo, trata-se de um castelo de grandes proporções, pouco encontramos dentro da muralha para além da Igreja do Salvador, que estava fechada.

Assim, reconhecido este território, fomos tratar do almoço e seguimos viagem em direção a Évora. Ao invés do que seria expectável, visto a quantidade de motivos de interesse para visitarmos a cidade, acabámos por passar “ao largo” e fomos até ao aeródromo de Évora. Não, não fomos tentar que a “bicha” levantasse voo. A criança “mai’ velha” tinha alugado um kit de asas há já algum tempo e como não ficava muito fora de mão, lá acedemos e demos-lhe boleia até ao local de embarque. Foi muito giro. Muito giro mesmo… 4 horas de espera debaixo daquele belo sol que caracteriza aquela zona do Alentejo, em pleno agosto, com parquíssimas sombras. Mas pelos vistos valeu a pena, tendo em conta o sorriso de orelha a orelha da criança “mai’ velha” após o salto, de tal forma que a mãe e até o irmão já estavam todos empolgados em marcar uma descida. Estranhamente, não foi possível encontrar o mesmo entusiasmo por parte do pai.. Tenrinho..

Para terminar o dia, seguimos viagem até Monsaraz, o local definido para a pernoita. Apesar da espera prolongada pelos arredores de Évora, que em teoria poderia causar mossa no que tínhamos programado para o resto do dia, a verdade é que deu para chegarmos calmamente a Monsaraz e ainda tivemos oportunidade de escolher o local no parque destinado às autocaravanas. Já instalados, subimos até à pequena povoação dentro da muralha e no castelo aguardámos que o sol se escondesse. Como nós, muitos outros foram chegando para apreciar a magia daquele momento, num espetáculo natural em tons dourados, tendo por fundo um espelho de água e o silêncio, apenas perturbado por pássaros e vozes discretas dos espetadores. Mesmo cheios de fome, só arredámos pé dali depois de satisfeitos. Monsaraz é sem dúvidas dos locais mais idílicos para se estar num final de dia.

Quando descemos até ao parque, acabámos por constatar a forma um tanto ou quanto peculiar que caracterizava o nosso estacionamento, que quebrava o alinhamento perfeito dos demais veículos. Em pouco mais de 1 hora, o parque estava repleto de autocaravanas! Lá fomos fazer a nossa faxina e, depois de jantar, regressámos ao povoado para vaguear, percorrendo as ruas catitas e pitorescas, e aproveitando para mais algumas fotografias.

Road trip verão 2020 – Dia 6

Praia O Moínho – Mação

Como os últimos dias foram de pacatez e moleza, com relativos poucos quilómetros percorridos por dia, e como tínhamos semi-planeado uma minivolta a Portugal, era tempo de dar corda às sapatilhas e fazer-nos à estrada como se não houvesse amanhã. É caso para dizer que o sexto dia foi puxadinho..
Saímos de Benquerença em direção a Castelo Novo, onde queríamos visitar a zona histórica e aproveitar para molhar os pés na praia fluvial. Estacionámos a bicha próximo da praia fluvial de Castelo Novo e subimos a pé até à zona histórica. O dia estava bastante quente. Aspeto interessante é que a localidade tem inúmeras bicas fartas de água fresca e cristalina, não estivéssemos nós em terra das conhecidas Águas do Alardo. Subimos até à zona do castelo apreciando as ruas e casas de pedra.

Junto ao castelo, entrámos no posto de turismo e ouvimos uma breve descrição do que visitar, aproveitando também para comprar o íman da praxe e vinho da região (que, no decorrer deste périplo, acabou por ser também da praxe..). Do castelo, avista-se a planície que vai até à não muito longínqua aldeia de Monsanto, empoleirada no seu monte.

Depois do castelo fomos espreitar uma antiquíssima raridade, anterior aos tempos da Maria Cachucha: a “Lagareta”, que foi utilizada como lagar de vinho por sucessivas gerações de castelo-novenses.

Depois deste passeio, a praia fluvial esperava-nos: água ultra-límpida, temperatura agradável, frescura garantida num dia de calor! Soube a pato..

Rodas na estrada, fomos em direção à praia fluvial de Lavacolhos, localidade que dá nome à praia. Já na localidade, tivemos mais uma daquelas sensações de “estamos a meter-nos num 31..” patrocinado pela bicha, quando vimos a estrada de acesso à praia. Tempo de fazer um reconhecimento a pé e lá percebemos que o estreitamento era só numa parte diminuta e que o declive era aceitável, pelo que pudemos ir com ela até às margens da ribeira da Gardunha. A praia e zona de lazer envolvente são bem cuidadas e prazerosas.

Picámos o ponto, dando um mergulho no rio e lá continuámos a nossa viagem em direção a Orvalho, concelho de Oleiros, onde pretendíamos fazer uma pequena parte do percurso pedestre dos passadiços, para ver a cascata da Fraga de Água D’Alta. Estacionámos junto ao acesso da escadaria do passadiço e por ali ficamos o tempo suficiente para testar a água e tomar um duche debaixo dos pingos de água que caíam do alto. Uma nota relativamente ao percurso, daquilo que tivemos oportunidade de ver, trata-se de um trajeto bastante sinuoso e com muitas escadarias ao longo do mesmo, se voltarmos para o fazer na totalidade, será concerteza no outono ou primavera, com tempo ameno.

A nossa intenção era pernoitar junto da praia fluvial de Cardigos, no concelho de Mação, mas.. A praia em si.. Tão bom, tão bom que nem fotos! Contextualizando, estamos a falar numa das praias mais badaladas da região, tendo encontrado, no decorrer das pesquisas, muitos comentários de excelência. Íamos com expetativas muito altas. A realidade: piscina de fundo azul, que faz aproveitamento da água de uma pequena ribeira. Nem sequer deu para poder apreciar a zona de lazer, nem parecia estarmos em tempo de pandemia.. Apesar da vontade ser de fugir dali depressa, tivemos de fazer o teste à água e, pois bem, já vimos piscinas com menos cloro.. Poucos minutos de refresco chegaram. Fomos para a bicha pensar na nossa vida! Já era tarde e tínhamos de decidir onde ficar a dormir. Uma vez que fomos avisados por um local que a polícia andava a multar a malta das vans e autocaravanas que optava por pernoitar ali, fomos para a área de serviço de autocaravanas de Mação. O local é um amplo espaço de estacionamento junto aos bombeiros e GNR, não sendo dos espaços mais agradáveis, tendo a seu favor o facto de dispor de eletricidade gratuita para duas caravanas.. Inicialmente sozinhos, lá chegaram mais duas autocaravanas. Ainda deu para um parlapié com um casal com dois filhos ainda em tenra idade, ficando a saber que andavam a fazer uma roadtrip pelas praias fluviais da zona centro do país.

praia fluvial – Castelo Novo

Road trip verão 2020 – Dia 5

Praia fluvial de Valhelhas – Praia fluvial o Moínho

Se no dia anterior apenas tomámos um banho rápido no rio Côa, hoje os banhos foram para ir saboreando lenta, lentamente, pela praia fluvial de Valhelhas. Tendo ainda relativamente poucos km’s de curso, o rio Zêzere brindou-nos com uma água fresca (mas tipo, mesmo fresca!) e límpida, como em poucos sítios é possível encontrar. O senhor “muita fo’te” foi logo cedinho testar a temperatura da água, enquanto o rio podia ser só dele. Acabámos por passar a manhã na preguiça, ora absorvendo vitamina D, ora pondo o corpo vitaminado de molho, volta e meia, meia volta!

Ahh, que bem que se estava (..) até surgir um enxame dos colchões insufláveis, malas térmicas (que saudade dos belos tachos e garrafões de 5 litros..) e dos sempre tão respeitadores das boas práticas em tempo de pandemia. Valhelhas é de facto uma belíssima praia fluvial que sofre, à semelhança do muito que temos de bom, do turismo de massa em Agosto. Foi aí que percebemos que era melhor tratar da vida e, depois do almoço, fomos em preguiçosa viagem até outra praia fluvial, “O Moínho”.

A viagem não é longa! – disse a copiloto, para os jovens que já reclamavam mais horas de banho – É já ali!

Estava tudo a correr bem, dirigindo-nos para Benquerença, localidade pertencente ao concelho de Penamacor, onde se situa a referida praia. Até que, começámos a avistar uma fumaça bem negra, cada vez mais próxima. “É impressão minha ou estamos mesmo a dirigir-nos para a zona do incêndio?” – pergunta a copiloto. Poucos metros à frente, a GNR a ordenar parar. Ou aguardávamos que o fogo acalmasse, ou estudávamos um caminho alternativo. E o Muita fo’te destemido, com auxilio do smartcenas, estudou a tal alternativa, que nos deu mais um daqueles momentos patrocinados pela bicha (há quem jure que foram uns 12 km’s de preces..).

Mas lá chegámos à praia Fluvial “O Moínho”, que estava com uma ocupação razoável. A água tinha um aspeto turvo o que, para quem tinha estado de manhã em águas translúcidas, teve um primeiro impacto negativo, mas lá conseguimos vislumbrar que era apenas do remexer do fundo. O local é aprazível, relva verdinha, árvores grandes que proporcionam boa sombra.

Como chegámos a meio da tarde, bons lugares para estacionar a bicha não existiam, mas resolvemos desenrascar a coisa para tentarmos aproveitar o resto da tarde e lá mais para o final, lá conseguimos mudá-la para um spot à beira rio. O local tem condições para fazer despejos de águas sujas, água potável e casas de banho, em contrapartida não existiam chuveiros nem eletricidade. Não fosse a existência de um café do outro lado do rio, frequentado até altas horas da madrugada, a noite teria sido muito boa.

Road Trip verão 2020 – Dia 4

De Mêda a Valhelhas

No trajeto do dia anterior, acabámos por passar por mais locais que, em condições normais, teriam merecido não só uma menção, mas também uma visita mais prolongada. No entanto, o caso de Longroiva acaba por ser mais grave pois, não só não parámos (desta vez..) como o local nem menção mereceu (!) Assim, importa antes de mais referir a razão, conseguem adivinhar? Isso mesmo, a bicha.. Perdemos a oportunidade de a estacionar logo à entrada da vila e pronto.. Mas boas notícias, temos memória que daqui para a frente aprendemos (finalmente) a lição.. E em boa verdade, a este facto também se juntou a ânsia de chegar a tempo de um mergulho nas piscinas junto ao parque de campismo. Em relação à povoação, importa referir que, ao passarmos por lá ao final do dia, ficou-nos na retina a forma como a luz incidia nas construções, sobretudo na zona do pequeno castelo.. Quanto a locais de interesse, para além do já referido castelo (que, da última vez que por lá passámos, também acumulava as funções de cemitério..) e o pelourinho, Longroiva é conhecida também pela sua estância termal.

É verdade que, sendo Marialva um ponto que queríamos reviver, teria sido perfeitamente possível e se calhar mais rápido passar novamente por Longroiva, mas preferimos optar por uma estrada que nunca tínhamos percorrido e chegar a Marialva com outra perspetiva.

A pernoita no parque de campismo de Mêda foi tranquila (lembram-se da ânsia por um mergulho na piscina? pois bem, o melhor que se arranjou foi mesmo um banho de chuveiro, a piscina já estava a encerrar quando lá chegámos). O parque tinha boas condições, sendo o espaço para cada autocaravana bem delimitado, com acesso a mesa de madeira, estendal de roupa e outros pormenores. Na tarde anterior, quando chegámos e estacionámos, um vizinho autocaravanista veio logo dar-nos dicas de qual a melhor forma de estacionar sem levar com o sol da manhã. Agradecemos, mas dissemos que só ficávamos uma noite. O Senhor ficou espantado. Dissemos que sempre tivemos medo que as rodas ganhassem raízes e, por isso, partíamos no dia seguinte para ver mais mundo! E assim foi, seguimos viagem até a aldeia histórica de Marialva, muito perto de Mêda.

Foi um revisitar. Há alguns anos atrás, já lá tínhamos passado uma noite muito confortável numas conhecidas casas turísticas. Refere o site da Câmara Municipal de Mêda, que “ao entrar em Marialva, fica-nos a sensação que entramos num cenário histórico, as ruas, ladeadas por edifícios resistentes ao tempo, conduzem-nos à cidadela cercada pelas muralhas em cujas ruínas perdemos a noção do tempo”. Esta sensação é mesmo real.

De Marialva rumámos a Pinhel, onde chegámos pela hora de almoço. Depois de algumas voltinhas pela cidade até encontrar um sítio com sombra para estacionar, cozinhámos e fomos depois conhecer a zona mais antiga. A cidade parecia não ter habitantes. Pequenos comércios encerrados, raramente nos cruzámos com outras pessoas.. Bem, em boa verdade, podiam estar apenas a resguardar-se do calor e o problema sermos nós, que temos a mania que somos muita fo’tes..
Percorrendo as ruas mais antigas que nos levaram ao castelo da “Cidade Falcão”, assim é conhecida, vimos casas de pedra, umas mais asseadas que outras e algumas em decadência, solares, capelas e igreja. Tem uma vista panorâmica interessante no cimo do monte, onde está a torre do castelo, que não foi possível visitar.

Dali fomos em busca de mais património histórico (Oh não! E piscinas, praias fluviais, não há?! ). Destino: Vilar Maior. Mas antes de lá chegar, as vozes dos “crianços na maioridade” foram escutadas e eis que, de repente, encontrámos uma indicação de “praia fluvial”. Paragem obrigatória! Era um dia muito quente e, nesses dias, a água comanda a vida. A praia, com nome engraçado, “Badamalos”, estava pejada de portugueses emigrantes em França. Era notório pelo parque automóvel por ali estacionado, cheio de matrículas francesas, e também pelo dialeto do qual pudemos ouvir coisas como “Michel, vien que a água está bonne!”

Depois do refresco nas águas do rio Côa, fomos então à procura do tal Castelo de Vilar Maior. Quase a chegar ao destino, já se avistava o castelo no cimo de um monte, seguimos as primeiras indicações para a povoação que nos levaram para uma estrada de paralelos que, à medida que fomos avançando, começou a afunilar.. Pensámos desistir, mas o condutor, que sofre do tal síndrome do muita fo’te, decidiu avançar (ao seu lado ia alguém a rezar para que não aparecesse nenhum veículo em sentido contrário. As preces foram ouvidas! ). O castelo de Vilar Maior fica numa pequena povoação e freguesia com o mesmo nome. Não se consegue aceder ao castelo a não ser a pé, mas o percurso é breve e bem sinalizado. O castelo está relativamente bem cuidado, sendo exceção o interior da torre de menagem. O local é muito tranquilo e, apesar de ser um castelo pequeno, com partes em ruína, tem informação histórica disponível no local. Caso para dizer que valeu a pena a paragem até porque nunca ali tínhamos estado, apesar de ser uma zona do país que já explorámos noutras ocasiões..

Seguimos a o itinerário em direção ao poiso da próxima dormida, o parque de campismo junto à praia fluvial de Valhelhas. Chegámos na hora em que as bóias e os cestos de piquenique estavam a desertar! Chatice, tanto espaço para nós.. E que bem que soube mergulhar na água do rio Zêzere àquela hora..

Road trip verão 2020 – Dia 3

Torre de Moncorvo – Mêda

A opção de pernoitarmos por Torre de Moncorvo, apesar de já assinalada no mapa inicial, não deixou de ser uma solução de recurso. Visto o dia anterior não ter sido daqueles dias idílicos como muitas vezes gostaríamos de pintar (até fizemos com que a bicha, numa manobra de inversão de marcha em Peso da Régua, trouxesse um recuerdo no para-choques traseiro), as expectativas para este dia “nasceram” uns furos abaixo do habitual. Dito isto, feita alguma pesquisa na noite anterior sobre a localidade e como tínhamos as bicicletas, resolvemos retirá-las do sufoco das cintas e ir até à ecopista do Sabor, que aproveita o antigo traçado da linha férrea com o mesmo nome. Optámos por fazer o troço entre Torre de Moncorvo até Pocinho e, de uma coisa que não estava prevista, acabámos por ter um dos pontos altos do nosso roteiro..

Chegados finalmente ao Pocinho, deparámo-nos com a antiga ponte da ferrovia, dando término ao percurso. Curiosos com a estrutura, demos meia volta até conseguirmos chegar à entrada do tabuleiro inferior, onde tivemos direito a um desfile de modelos..

No regresso, apesar do calor já apertar, o fraco desnível que caracteriza este tipo de percurso permitiu-nos fazer a viagem a bom ritmo.

Ahh, tudo corria de feição, chegámos a Torre de Moncorvo depois de uma manhã que temos por cheia, quando surge a segunda saga desta pequena odisseia: furos! Tempo de regressar a “casa” para cozinhar e consertar um dos veículos de duas rodas.

De tarde e estando já com um pé em Trás-os-Montes, aproveitámos para dar um salto até à adega cooperativa, de onde só temos pena de não ter trazido mais azeite e vinho. Pelo caminho aproveitámos para revisitar a igreja de Moncorvo e a sua afamada figueira, ou pelo menos o que dela resta..

Contrariamente ao dia anterior, acabámos por passar praticamente todo o dia por terras de Moncorvo, pelo que optámos por um salto mais curto para a nossa pernoita, tendo recaído a escolha no parque de campismo de Mêda. Como é normal nestas andanças, aproveitámos o trajeto para fazer um pequeno desvio em Vila Nova de Foz Côa para ir às compras de bens essenciais como, por exemplo, câmaras de ar para bicicletas.. Já em Mêda, após banhos e jantar, ainda tivemos a oportunidade de deambular um pouco pela localidade que, não sendo monumental, não deixa de ter um aglomerado, na sua zona mais antiga, que merece uma visita e que, a partir do qual, podemos facilmente aceder ao morro do castelo e ao ex-libris da cidade, a torre do relógio.

roteiro dia 3

Road trip verão 2020 – Dia 2

Estrada Nacional N222

Continuámos a viagem pela estrada nacional 222, em direção a Peso da Régua. A viagem foi demorada, pois conduzir uma autocaravana de porte médio ou grande numa estrada com muitas curvas e por vezes muito estreita, é um ato de coragem, principalmente quando de frente nos aparecem veículos pesados e em excesso de velocidade… A primeira paragem neste trajeto foi o miradouro de Teixeirô. Dali avista-se a foz do rio Bestança, a albufeira da Pala, resultante da construção da barragem de Carrapatelo, a linha ferroviária do Douro e a ponte de Mosteirô. (Chegar a este miradouro com a autocaravana foi a primeira aventura: estrada estreita, sem sítio adequado para estacionar… logo que pudemos, parámos a “casa com rodas” e fomos procurar o miradouro a pé, o que vale é que faltava pouco!)

“Queremos água!” – gritavam eles.. A primeira paragem para banhos foi no ribeiro Cabrum. Na estrada nacional 222, encontrámos um estacionamento de terra batida e indicações para as poças do Cabrum. Ali passámos algum tempo a refrescar-nos na água límpida e a saltar para a “poça”, até a barriga dar sinais que, se calhar, deveríamos procurar algum repasto.

Almoço feito e saboreado ao som da água do rio a correr, fomos bem mandados e não fomos “cabrum”, deixando o local tal qual o tínhamos encontrado..
Continuando pela N222, o próximo ponto de interesse foram as termas das Caldas de Aregos. Paragem por breves instantes onde ainda deu para molhar as mãos na água sulfurosa e apreciar, a partir do seu porto, a forma em como a pequena localidade se desenvolveu sobre o anfiteatro natural para o seu porto.

Voltando a estrada e apesar de termos passado por muitos pontos de interesse tais como Resende ou Peso da Régua (este último até tem um parque de autocaravanas muito conhecido), acabamos por não explorar muito até porque, aliado ao facto de ser uma zona que já exploramos noutras ocasiões, sentimo-nos condicionados pelo porte da autocaravana. Se já andar com a bicha em alguns troços da N222 foi o que foi.. Dito isto, continuamos pelo miradouro natural que muitos troços desta estrada nacional nos proporcionam e assim foi até chegarmos um pouco antes de Pinhão. Neste ponto o perfil da estrada assume uma rota mais afastada do rio Douro pelo que resolvemos tentar (lembrai-vos da história da bicha..) fazer os tão afamados miradouros do rio Tua. Abandonando a N222 (é só um até já, faremos provavelmente o resto por altura das amendoeiras em flor), lá fomos nós sempre pelas estradas que nos ofereciam aparentemente as melhores condições para passarmos sem grandes calafrios, até ao miradouro do Ujo. Após algumas hesitações quanto ao melhor spot para estacionar, lá fomos ver as vistas (e que vistas).

Tínhamos mais 2 miradouros anotados (São Lourenço e Olhos do Tua) e ainda fomos até a localidade de Safres em direção ao de São Lourenço, de onde deu para perceber o traçado sinuoso que a estrada municipal iria assumir pelo que, aliado ao facto de nos parecer que a mesma estreitava, resolvemos perguntar a uns locais a melhor forma de chegar ao miradouro. Temos noção que eles proferiram algumas palavras, mas em boa verdade o que nos ficou foi a forma em como eles olharam para a bicha com cara de “têm a certeza?” Dito isto, meia volta, novos planos e fomos em direção a Torre de Moncorvo para pernoitarmos. Quando lá chegamos, ficamos um pouco apreensivos pois o parque estava vazio e é meio isolado, mas com o quase anoitecer lá vieram os vizinhos. A área em si está longe de ser tão boa como a da noite anterior, em contrapartida foi muito mais sossegada..

roteiro dia 2

Road trip verão 2020 – Dia 1

Souselo (Cinfães) área de serviço para Autocaravanas

Chegámos a Souselo já perto da hora de jantar. O sol estava quase a pôr-se. Depois de estacionar a autocaravana, fomos junto à Igreja Matriz, que fica mesmo ao lado, no alto de um pequeno monte. Dali admirámos a despedida de mais um dia. Sentámo-nos e ali ficamos a apreciar calmamente o momento. Depois, as lides normais: preparar o jantar e descansar. Esta área de serviço para autocaravanas é muito recente, com condições excelentes! Disponibilidade de eletricidade, wc e chuveiros. Uma desvantagem é estar situada mesmo junto à estrada nacional 222, o que não permitiu que a noite fosse absolutamente tranquila.

Road trip verão 2020 – De autocaravana, do Douro ao Algarve

Contexto

As férias de verão de 2020 estavam a ser programadas há muito tempo. Já tínhamos os bilhetes de avião comprados para os quatro desde o início do ano. Os alojamentos estavam reservados… Contudo, a pandemia trocou-nos as voltas com uma grande pinta! Estivemos sem mais planos pensados até ao mês de julho – meados de julho – quando decidimos fazer uma viagem de autocaravana, com um mapa de Portugal mais ou menos assinalado (só alguns pontos de interesse, mas poucos, para aquilo que é costume). A autocaravana estaria ocupada nos dias que pretendíamos, por isso tivemos mesmo de ir nos primeiros dias de agosto, coisa que não apreciamos muito, porque agosto está cheio de pessoas (calma, gostamos de pessoas, mas na dose certa) que estão de férias e que muitas vezes fazem de um momento que deveria ser bom, um autêntico pesadelo… Mas ok, o facto de viajarmos em autocaravana deu-nos alguma liberdade de poder circular e escolher sítios mais calmos, e o agosto não se mostrou, assim, desagradável.

Não foi a nossa primeira viagem em autocaravana, mas foi a mais demorada. Para fazer esta viagem, foi preciso explorar um pouco uma APP – park4night – que os viajantes com autocaravanas utilizam a fim de saber onde dormir com segurança, onde fazer os despejos de águas sujas (águas de cozinha, banhos e da sanita química) e abastecimento de água potável. Depois de verificar onde existiam locais agradáveis para poder estacionar e passar a noite, definimos a nossa rota.