Açores – São Jorge – Prefácio

2021 deveria ter sido a oportunidade de retomarmos o projeto que tinha ficado em águas de bacalhau, mas com o avançar do ano fomos percebendo que teríamos, muito provavelmente, uma reedição do ano anterior, isto se não tentássemos tomar as rédeas o quanto antes. Para quem gosta de viajar e tendo em conta o que temos tido oportunidade de ver de outros pares, há 2 possibilidades para quem não tem margem para grandes surpresas em tempos de pandemia: ou se marca tudo muito em cima do acontecimento o que, tendo em conta o cenário atual, pode dar origem a autênticos achados em alguns destinos, ou então se for para definir as coisas com algum tempo, então optar por um destino “seguro”. Visto os 2 seniores terem estado neste início de 2021 com novos projetos, com muitos ajustes à mistura, optamos pela opção que nos permitiria fazer as coisas com mais calma, sem grandes stresses.

São Miguel – Miradouro da Boca do Inferno

Quando começamos a voar para outras paragens, surgiu o boom do turismo nos Açores, que veio por arrasto à autorização de algumas low-costs poderem voar para São Miguel. Tendo em conta o nosso perfil, gostamos muito de ver patrimônio seja ele edificado pelo homem, seja natural, e querendo ver os Açores na sua forma mais genuína, ainda sem grandes alterações que o turismo de massa pudesse trazer, visitar as 9 ilhas o quanto antes foi durante uns anos a nossa prioridade. E assim foi, tínhamos fechado este capítulo há 2 anos com a nossa estadia em Santa Maria, onde palmilhamos literalmente toda a ilha (só utilizamos transportes públicos e táxi para fazermos ligação aos pontos de partida de PR´s e regressarmos ao local de pernoita).

Santa Maria – PR05 Costa Sul

Este masoquismo viajante surgiu um pouco por acidente, aquando da nossa estadia pelo grupo central, quando visitamos as 5 ilhas. Na altura, só tínhamos acautelado as viagens inter ilhas, fomos alugando viaturas muito em cima do momento e resolvendo eventuais falhas com táxis e autocarros. E podemos considerar que, tendo em conta a época alta, já com turistas, sim, mas sobretudo muitos emigrantes, as coisas até correram muito bem, isto até chegarmos à última ilha, Graciosa. Falhados os esforços de  arranjar uma viatura antecipadamente e dado a hora já tardia da nossa chegada para tentar in loco, restou-nos olhar para o mapa da ilha enquanto fazíamos a viagem de barco Terceira-Graciosa, e tentar delinear uma estratégia para aqueles quase 2 dias, aproveitando algo que já tinha sido pensado para o Faial como plano B: táxi se precisarmos, sempre que possível caminhamos, sendo o objetivo atravessar a ilha..

Graciosa – acesso ao caldeirão

Sendo a segunda menor ilha do arquipélago, acreditávamos que era um risco controlado.. E foi! Para quem conhece as nove ilhas, a afirmação que se segue poderá ser um choque, mas em boa verdade, a ilha que marcou verdadeiramente o Turista até hoje foi a Graciosa. É verdade que pode ter ajudado o facto de, pela primeira vez, termos tido facilidade em comer peixe, ou por termos ficado alojados perto das termas, com um fluxo de água de água quente para o mar, ou pela forma como se acede ao cone principal da ilha bem como à cavidade da furna do enxofre.. Muito ajudou para esta sua apreciação, mas em boa verdade o catalisador foi o facto de, pela primeira vez, este não ter conduzido, não sendo necessário estar todo o tempo atento à estrada, podendo os seus sentidos serem desviados para tudo o que o rodeava, de uma forma que não tinha acontecido nas outras.. Fruto desta experiência, Flores e Santa Maria já foram pensadas para tentarmos caminhar o máximo.

Flores – A “nossa” rica casinha..

Após a conclusão das 9, olhando para trás, tínhamos a sensação que 4 ilhas mereciam um regresso mais prolongado: Graciosa, Faial, Corvo e São Jorge. Se a esta lista acrescentarmos o facto de não termos íman desta última, a escolha para este ano só podia ser uma..

Terceira – “Cabemos todos ali?..”
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